Qual a importância da Triagem? Descubra aqui na Acesso Saúde!
A Triagem hospitalar, é uma ferramenta da Gestão Internacional da Saúde, é um critério objetivo muito usado para ordenar o atendimento de pacientes em serviços de emergência hospitalar.
Esse processo busca sistematizar a classificação dos pacientes com base em sua urgência médica. A avaliação do paciente começa quando o paciente chega à unidade de atendimento.
Essa avaliação define qual o seu o quadro clínico, que é indicado por pulseiras de identificação hospitalar em diversas cores. Há muitos sistemas em vigor hoje que regulam a classificação de risco, mas o Protocolo de Manchester é o mais popular.
Criamos um conteúdo exclusivo sobre triagem para explicar o que é, como funciona, quais são as principais categorias e por que é tão crucial para os pacientes. Boa leitura!
O que é triagem?
A triagem é o processo pelo qual a gravidade do estado de um paciente determina a prioridade de seu atendimento. Quando os recursos não são o suficiente para tratar todos os pacientes de imediato, essa estratégia raciona o cuidado.
A palavra é derivada da palavra francesa trier, que significa separar ou selecionar. Há dois tipos diferentes de triagem: simples e avançada.
O objetivo da triagem pode ser estabelecer a ordem e prioridade do atendimento de emergência, a ordem e prioridade do transporte de emergência, ou até mesmo o destino do transporte do paciente.
A triagem surgiu durante a Primeira Guerra Mundial, realizada por médicos franceses que prestavam atendimento de emergência em hospitais de campanha próximos às linhas de frente das batalhas.
Muito pode ser atribuído ao trabalho de Dominique Jean Larrey durante as Guerras Napoleônicas. As decisões de triagem, feitas por um paramédico ou outra pessoa, eram feitas com base na intuição, antes de se tornarem o produto de avaliações sistemáticas e baseadas em critérios.
As vítimas eram divididas em três categorias pelos responsáveis pelo tratamento dos feridos de um campo de batalha ou pela prestação de cuidados médicos:
- Aqueles com chance de sobreviver independente do tratamento que receberem;
- Aqueles com chance de morrer independente do tratamento que receberem;
- E aqueles que precisam de atenção médica imediata que poderá ter um impacto no prognóstico.
Ainda hoje, esse conceito simples pode ser usado em uma ampla variedade de situações de emergência. Ainda mais quando há apenas um ou dois paramédicos disponíveis para cada 15 ou mais pacientes.
No entanto, depois de ter acesso tanto a recursos materiais e humanos, os paramédicos podem optar pelo modelo de triagem adotado por sua unidade de saúde.
Qual é a importância da triagem?
De modo geral, o objetivo da triagem é organizar o atendimento ao paciente e, ao mesmo tempo, fornecer suporte eficaz, mesmo em ambientes caóticos ou de alto risco.
Com isso, os profissionais podem prestar uma assistência mais objetiva, uma vez que tenham avaliado a gravidade do estado de cada paciente. Isso auxilia a otimizar os processos para atender o maior número de pacientes e, ao mesmo tempo, prestar assistência em situações de emergências repentinas.
A triagem no ambiente de saúde é obrigatória em casos de grandes hospitais e atendimento rápido, por exemplo. Devido à escassez de profissionais e recursos, é fundamental que os pacientes recebam uma avaliação adequada.
Não apenas para agilizar o atendimento, mas também para melhorar suas chances de sobrevivência. Ainda mais quando se utiliza inteligência artificial.
Além disso, esse procedimento permite que a equipe gerencie a situação de forma eficaz, fazendo a alocação adequada de recursos e tomando decisões com mais segurança.
Quais são os modelos de triagem?
Com o passar do tempo, a triagem sofreu uma série de modificações para melhor atender às necessidades de cada área de saúde. Como resultado, surgiram vários modelos desse procedimento, com diferentes versões para cada cenário e circunstância em diversos campos da saúde.
Veja alguns dos mais conhecidos:
1. Triagem hospitalar
O tipo mais conhecido de triagem é o hospitalar, feito em ambientes como hospitais e pronto-socorro. O seu intuito é priorizar cada caso e encaminhá-los para os níveis de tratamento adequados com base na urgência médica.
Esse método é utilizado em sua plenitude em hospitais com maior movimentação ou com recursos escassos, a fim de maximizar os processos locais e otimizar o tempo dos profissionais.
2. Triagem clínica
Em contrapartida, uma triagem clínica é um tipo de processo que avalia o estado de saúde do paciente. Pode ir desde uma triagem consultiva até a análise de candidatos à doação, como órgãos, medula e sangue, etc.
Devido ao nome, muitas pessoas tendem a confundir a prática, porém, ela não acontece só em clínicas, como também em ambulatórios e outros ambientes.
Nesse caso, é feita uma seleção que analisa os hábitos e comportamentos de um paciente, mesmo que ele não esteja em situação de emergência. Dessa forma, a triagem poderá agilizar a avaliação de outros profissionais e o processo de doação.
3. Triagem psicológica
Como o nome sugere, essa triagem analisa os pacientes que procuram atendimento psicológico e psiquiátrico para avaliar seus sintomas, causas e outros fatores.
Além disso, esta prática pode ser feita em clínicas públicas, privadas ou individuais. Descobrir mais sobre o paciente e o motivo pelo qual ele procurou esse tratamento é o objetivo aqui.
4. Triagem ambulatorial
Os serviços médicos de baixa complexidade e de emergência são prestados por uma unidade de atendimento ambulatorial sem risco imediato à vida dos pacientes.
Porém, eles também podem fazer uma triagem para separar e categorizar cada caso, mesmo em consultas de rotina. Por mais que não haja situações de urgência, a prática é útil para identificar quais profissionais são mais adequados para cada tipo de tratamento, melhorando o atendimento no local.
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Protocolo de Manchester
O Protocolo de Manchester é o sistema de classificação de risco adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil, e utilizado pela primeira vez na cidade de Manchester, por volta de 1997.
O enfermeiro ou médico responsável classifica o arquivo do caso clínico com base no fluxograma padrão utilizado no protocolo, através da avaliação inicial do paciente, que inclui revisão de seus sintomas, verificação de sinais vitais e medição de sua dor e temperatura.
Os profissionais de saúde responsáveis devem avaliar o quadro clínico onde o paciente se encontra antes de colocar uma pulseira na cor que corresponda à gravidade do caso.
Ao invés de buscar um diagnóstico nesta fase, deve-se apenas identificar o risco associado a esse quadro. Essa triagem é realizada por um profissional de nível superior, como médico ou enfermeiro, que tenha boa comunicação, capacidade e conhecimento clínico.
Isso indica o tipo de atendimento e a especialidade médica pela qual o paciente será responsável. O Protocolo de Manchester humaniza o atendimento médico, além de auxiliar na triagem hospitalar com base na classificação das doenças em cinco cores:
VERMELHO: EMERGÊNCIA
A pulseira vermelha é destinada aos pacientes que estão em um estado muito grave, com risco de morte e que precisam de atendimento urgente. Confira logo abaixo alguns exemplos:
- Problemas respiratórios;
- Queimadura em mais de 25% do corpo;
- Trauma cranioencefálico;
- Dor no peito relacionada à falta de ar;
- Tentativa de suicídio;
- Hemorragias incontroláveis;
- Crises de convulsão;
- Parada cardiorrespiratória;
- Etc.
LARANJA: MUITO URGENTE
Já a pulseira laranja é para os casos que são urgentes e que há um risco considerável de morte, tendo um tempo de espera de, no máximo, 10 minutos. Entre os casos que se encaixam, é possível citar:
- Arritmia cardíaca sem sinais de instabilidade;
- Dores severas;
- Cefaleia intensa com rápida progressão;
- Entre outras.
AMARELO: URGENTE
Essa cor é destinada a casos urgentes com um grau moderado de gravidade, com necessidade de atendimento médico, porém sem riscos imediatos. O tempo de espera é por volta de 60 minutos e abrange casos como:
- Hemorragia moderada;
- Desmaios;
- Vômito intenso;
- Dor moderada;
- Crises de pânico;
- Alteração dos sinais vitais;
- Picos de hipertensão;
- Etc.
VERDE: POUCO URGENTE
A pulseira verde é para os pacientes com problemas menos graves, cujo tempo de espera pode ser até 2 horas. Alguns casos são:
- Enxaqueca;
- Dores leves;
- Estado febril sem a presença de alterações vitais;
- Torcicolo;
- Náuseas e tonturas;
- Resfriados e viroses;
- Asma não diagnosticada como quadro de crise;
- Hemorragia controlada;
- Entre outros.
AZUL: NÃO URGENTE
Por último, a pulseira azul é para os casos mais simples, onde o paciente pode esperar para ser atendido ou ser encaminhado para outra unidade. Em média, o tempo de espera é de 4 horas e abrange os seguintes casos:
- Queixas de dores crônicas;
- Troca de sondas;
- Aplicação de medicação com receita;
- Etc.
Tipos de classificação de risco
Além do Protocolo de Manchester, há outros tipos de classificação de risco que são utilizados nos hospitais. Veja:
Australasian Triage Scale
A classificação Australasian Triage Scale é com base em várias prioridades decididas na década de 1970. O processo de triagem é realizado baseado nos fatores clínicos e comportamentais do paciente. As categorias são:
- 1: imediata ameaça à vida;
- 2: iminente ameaça à vida;
- 3: potencial ameaça à vida;
- 4: casos potencialmente sérios;
- 5: casos menos urgentes.
Canadian Triage and Acuity Scale
Enquanto a Canadian Triage and Acuity Scale é utilizada por médicos para categorizar doenças, estabelece uma ligação entre sintomas e diagnósticos, ela é baseada na Classificação Internacional de Doenças. Suas categorias são em níveis:
- 1: azul – reanimação: atendimento imediato;
- 2: vermelho – emergente: 15 minutos;
- 3: amarelo – urgente: 30 minutos;
- 4: verde – menos urgente: 60 minutos;
- 5: branco – não urgente: 120 minutos.
Emergency Severity Index
Essa classificação de risco identifica os casos que precisam ser priorizados usando um fluxograma que não especifica um tempo de espera. Confira quais são suas categorias:
- Emergência;
- Urgência;
- Sintomas de doenças agudas, com possível risco a órgãos e sistemas;
- Queixas crônicas menos graves;
- Pacientes estáveis.
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Quais as vantagens da triagem?
Para sua equipe e pacientes, incentivar a triagem em seu hospital, clínica ou consultório oferece vários benefícios. Veja logo a seguir algumas dessas vantagens:
1. Atendimento mais ágil
A principal vantagem da triagem é que ela pode garantir atendimento rápido em qualquer circunstância, emergencial ou não. Isso para que os profissionais possam direcionar cada paciente para o tratamento mais adequado, maximizando os esforços de outras equipes.
Bem como reconhecer os casos de sua expertise com maior rapidez e eficácia. Dessa forma, todos os procedimentos locais são aprimorados, permitindo que os pacientes mais graves recebam os cuidados o mais rápido possível.
2. Foco na prioridade
Sem a triagem adequada, pode ser difícil identificar os casos prioritários em alguns ambientes muito agitados ou em situações de emergência.
Isso pode afetar o atendimento e o bem-estar dos pacientes mais doentes. No entanto, com a prática efetiva, é possível concentrar-se em situações de emergência e identificar aqueles que precisam de cuidados imediatos.
3. Otimização de tempo
Diagnósticos ainda mais rápidos no passado exigiam tempo e recursos dos profissionais. Hoje, a triagem permite tempos de tratamento mais curtos, tratamentos mais rápidos e menos tempo de espera do paciente.
Embora essa prática não forneça um diagnóstico completo, ela pode encaminhar o caso direto ao médico responsável sem esperar por avaliações adicionais.
Isso é crucial para melhorar as chances de sucesso dos tratamentos iniciais.
4. Processos organizados
As orientações de triagem são sistemáticas e organizadas, o que permite um controle maior da situação.
Além disso, existem cartilhas oficiais da ANS (Agência Nacional de Saúde), com instruções de como fazer esse procedimento. Além dos médicos, outros profissionais também podem se beneficiar de um atendimento mais organizado.
Por exemplo, conforme a avaliação da triagem, auxiliares e enfermeiros podem fazer os prontuários dos pacientes de forma mais organizada.
5. Chances de salvar mais vidas
Por último, a triagem é uma prática que surgiu em meio a guerra, com o objetivo de salvar mais vidas. Nos dias de hoje, esse sistema pode otimizar o tempo e o atendimento em ambientes de saúde.
O que permite que os pacientes mais graves recebam atendimento prioritário e mais rápido. Ao fazer isso, é possível aumentar a chance de sucesso e, assim, salvar mais vidas.
Conclusão
Neste artigo, você pôde entender melhor sobre o significado de triagem e os diversos protocolos utilizados para classificação de risco em serviços de emergência.
Conhecer essas ferramentas é essencial para diminuir a superlotação nos hospitais e otimizar a eficácia do atendimento ao paciente. Caso este conteúdo tenha sido útil para você, não deixe de compartilhá-lo com os seus amigos!